quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Contando Passos

       Contar passos, foi o que fiz em todo caminho até aqui, contar passos. Contava: 1, 2, 3... Pensava, perdia a conta. Recomeçava: 1, 2, 3... Perdi meu tempo. Só perdi o meu tempo, eu achava que contado eu iria esquecer, pelo menos por um tempo, já que estava concentrado nos números, mas continuei, e novamente: 1, 2, 3, e... Novamente vi sua imagem. Mais tarde nos vimos, mais tarde de tudo eu soube.
              - Estava com saudades - foi o que me disse, parecia não estar, falou como fosse apenas um costume.  Quem sabe, coisas da minha cabeça.               
       O abracei, senti como se estivesse conhecendo um novo ser, um ser que eu nada sentia, um ser novo para mim, um ser criado por outro ser. Isso me tocava, tocava-me violentamente, de uma forma que eu preferi afastar-me, já que não tinha certeza de com quem eu estava lidando aquele momento.
              - Também estava com saudades, achei até que não fosse mais te ver. - Ironiza eu, mas de alguma maneira, achei mesmo que isso poderia acontecer.
              - Vamos à minha casa, lá poderemos conversar melhor.
              - Mas agora? - Não entendi muito bem o convite. Mas acabei aceitando. - Tudo bem, precisamos de um local mais calmo.
       No caminho, continuei a tentar contar: 1, 2, 3, 4... consegui contar mais, sua presença naquele momento, era como um garantia de que ele estaria sempre comigo. Mas o pensamento: "Nada dura para sempre" vinha a minha cabeça, invadia meus pensamentos, eram agora, esses motivos pelos quais eu perdi a conta. Acabei desistindo de contar e continuei a caminhar com ele.
              - Entra, só n...
      O interrompi - "Só não liga a bagunça" eu sei, eu sei...
      Uma fresta de um sorriso apareceu entre seus lábios, que me excitavam, só em olhar.
      Fui diretamente ao seu quarto, enquanto isso, ele preparava algum lanche, afinal, desde o momento que nos encontramos, não comemos nada. Deitei, me envolvi em seus lenções, o seu cheiro tomava minha superfície, vi que ele estava vindo e logo voltei a sentar-me.
              - Está aqui, suco de cajá, seu preferido. - Recebi a bebida e lhe agradeci com um sorriso. O mais estranho de tudo era que o que me estava parecendo, era que seu novo ser estava deixando-me apaixonado. 
              - Posso te tocar? - Perguntei ingenuamente.
              - Pode. - Simples assim ele me respondeu, com um olhar profundo, como se apenas uma coisa passasse em sua cabeça.
       Com a ponta dos dedos, toquei seus lábios, ele beijou. Senti-me excitado, logo um beijo aconteceu. Ao retirar cada peça de roupa, um arrepio diferente, ao sentir cada forma do seu corpo, um novo prazer, a vontade era evidente em nossas atitudes. E no meio dos nossos atos, sussurros:
              - Eu te amo - Dizia eu, sentindo cada grau do seu calor...
              - Eu te amo - Repeti, enquanto ele só continuava o que juntos começamos...
              - Eu te amo - Mais uma vez, repeti...
      Ao fim de tudo,  com ele ao meu lado, o observo, deitado com o antebraço direito sobre os olhos, ele não dormia, ele pensava, eu tentava adivinhar seus pensamentos, prestava a atenção em cada movimento mínimo do seu corpo. Até que direcionei sua cabeça até meu peito.
              - Seu coração bate forte. E eu...
              - Shhh... Só escute. - E segurava seu corpo junto ao meu, apoiava forte sua cabeça em meu peito.
              - Continua a bater forte. - Dizia ele, com uma lágrima surgindo em seus olhos.
              - Não chores, por favor, não chores! - O pedia, pois sabia que eu sempre fui mais fraco, pois eu não queria perde-lo
              - Calma, sei que esses são nossos últimos momentos juntos, calma, quero que tenhas lembranças felizes nossas!
        Segurava minha mão, segurava como jamais havia segurado. Ele queria proteção, estava perdido e eu também me sentia assim. Ele tinha mais tempo no nosso meio, queria ir embora, ele não queria que eu o visse partir, ele queria que eu lembrasse dele, vivo.
              - Eu te amo, muito! - E algumas gotas deslizavam em seu rosto, atingiam meu peito, tocavam o que tinha dentro, finalmente tocavam a minha alma.
         Eu Respeitei sua decisão, ele se foi, aqui eu fiquei.
         Contava para saber quantos passos com ele eu dei, para saber o quanto com ele caminhei. 

                        
                         
                   

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