domingo, 9 de outubro de 2011

O Convite

       É, essa é a tal peça que vamos assistir... Seria uma boa oportunidade para contar tudo a ele, mas talvez você esteja me impedindo de fazer uma bobagem - dizia ele, com um tom que me parecia conformado. Não sei se era coisa da minha cabeça.
       Tudo bem, eu não vou mais - disse eu, achando que isso seria o melhor a fazer.
       Após uma certa insistência de sua parte, ele me convenceu, mas algo me perturbava, algo queria que eu não fosse, o pensamento de que a situação não me cabia continuava a  assombrar minha cabeça. Calei, acabei indo.
       O encontrei, lá estava ele, junto a quem ele gosta... Novamente a vontade de não seguir junto a eles voltou a assombrar-me, novamente fraco. Continuei a seguir com eles. Percebo, gostam de quando estou perto, talvez porque costumo brinca, falar besteira, correr feito louco, como se eu passasse uma boa energia. Torno a dizer, agir assim é a saída que tenho para tentar melhorar, mas me acabo enganado, ao achar que tudo vai ficar bem.
       Assistimos ao espetáculo, me diverti, momentos esqueci, mas ela era composta por algumas musicas que me fazia pensar, vezes eu perdia a concentração nos atores, parava e tentava observá-lo sem que ele percebesse. Pus as mãos nas minhas pernas, esperava um toque seu, mesmo que brincando eu esperava, que tolo, ilusão minha, isso não passava em sua mente, mas eu, o sonhador, faz outras vezes. Penso novamente: "isso não passa em sua mente" e complemento ingenuamente: "eu acho". Ao fim, não é a mim que ele faz a tal pergunta: "E ai, gostou?" E sim a quem ele observa e eu, o detalhista, novamente torna a dar valor a coisas que diriam: "para de pensar assim, isso não quer dizer nada”.


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