domingo, 9 de outubro de 2011

Quarto Escuro

       Muito se passou desde quando parei de escrever...
       Após o dia do teatro, logo pela manha, uma certa sensação de raiva envolvia-me, eu tentava não pensar em nada, queria apenas esquecer, queria ficar neutro, queria apenas ficar sozinho, queria me perder no meu próprio caminho.
       No momento, encontro-me com as mãos tremulas, algo me aconteceu há pouco tempo, a raiva está deixando-me assim.
       Não dá. Estou aqui, sem inspiração, tentando achar ideias, lembranças, mas minhas mãos ainda tremem, não consigo pensar em nada! Quero apenas que tudo se acalme.
       Caminhando, voltado para casa, sentia uma vontade de escutar sua voz, saber se esta bem, mas eu não podia, não havia como escuta-lo, e continuo a caminhar, até chegar em casa, que sinceramente não era bem o local que eu queria estar, tempos que esse não é meu local preferido.
       No meu quarto escuro, volto a pensar em tudo, no que sinto, no que vi, no que cheguei a perceber, volto a pensar em tudo aquilo que que eu fiz, naquilo que eu deixei de fazer, e aquela sensação de arrependimento vem a tona, deixando-me um pouco chateado, pois só assim aprendi que o melhor não é deixar de fazer e sim arriscar, já que a vida é um risco a se correr.
        Continuo a ser esperançoso, não sei bem se eu deveria ter contado tudo desde o começo, talvez se eu tivesse ficado em silencio, guardado tudo que eu queria, tudo o que eu sentia só para mim, hoje poderia ser diferente. Talvez hoje, eu pudesse toca-lo da forma que eu desejasse, suavemente tocar seus lábios, sua pele, deixar apenas o meu corpo deslizar junto ao dele. Chego a imaginar nós dois, juntos, deitados:
             
           -Sinto frio - diria eu, esperando uma maior aproximação do seu corpo ao meu.
             
           -Sei como resolver isso, vem cá, deita aqui. - diria ele, sussurrando, fazendo-me escutar seu coração bater, calmamente ele seguraria minhas uma das minhas mãos, fazendo-me sentir que ele estaria sempre ali, ao meu lado, deixando-me o proteger quando sentisse medo, deixando-me dele cuidar.


      Mas tudo isso não passa de sonhos, tudo isso fica apenas em meus planos, depois de tudo, eu sei que isso serão sempre desejos meus, planos meus.
      Vou ficar aqui, deitado, trancado em meu quarto escuro, esperando, como eu sempre fico, esperando, com esperanças, sonhando. Já que o sono bateu, sonhando um pouco mais.
               
           -Boa noite.- digo eu a ele, imaginando sua presença ao meu lado, aqui, deitado junto a mim, no meu quarto escuro.

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